TEXTOS
Eu penso que essa formulação é mais ou menos conveniente, pois realmente está fundada. Porém, eu acho que são alguns muçulmanos que chamam os EUA de "grande demônio" – são mais os movimentos islâmicos radicais do que os muçulmanos em geral –, porque sei muito bem, por exemplo, que há um milhão de muçulmanos na França, e muitos também na África do Norte, que não compartilham dessa posição radical. O que acontece é que existem movimentos que se apóiam no Islã por motivos meramente políticos porque pretendem expulsar os infiéis dos lugares santos, como eles dizem – o que não deixa de ser, também, um certo empreendimento imperialista, com relação às populações muçulmanas em geral, quer sejam árabes ou não-árabes. Então, acho que dos dois lados se trata, realmente, de um empreendimento imperialista. O terrorismo da Al-Qaeda é apenas o epifenômeno da questão. Agora, é óbvio, que quando um movimento político, uma nação, um Estado, fala, ou pretende falar, em nome da civilização contra a barbárie, geralmente é porque quer ver o “bem” no “nós” e o “mal” no “eles”. E falar em nome da luta contra o mal em geral serve, na maioria das vezes, para negar a humanidade do outro e, portanto, se trata apenas da cobertura ideológica do imperialismo – de um lado, com uma cobertura religiosa e, de outro, com a cobertura de uma ideologia, supostamente humanista, que é a da revolução americana.
Noam Chomsky disse, no III FSM, em Porto Alegre, que o ataque dos EUA ao Iraque, ao invés de coibir o terrorismo, só o faria proliferar. Com isso, provavelmente, quisesse indicar que o terrorismo é o correlato oposto do imperialismo norte-americano, denominado por ele, em certas ocasiões, como “terrorismo de Estado”. Qual a sua opinião sobre essa leitura de Chomsky?
Concordo a