Textos inventados de Mario Amado Jorge
Era uma noite iluminada por uma lua minguante esplandescente, as estrelas cintilavam pelo céu afora. Eu andava pela rua 8, hoje nem é chamada mais assim, agora possui o nome de algum industrial emergente que nem me lembro o nome. Passei pelo casarão dos Serafins, uma família tradicional daqui da cidade, de maioria médicos, os que não eram, seguiam alguma área científica. Há muito tempo não passo por aqui; vi tanta coisa nesta cidade, desde do período que ainda lecionava psicologia, a vi crescer, sair de uma pequena cidadezinha com algumas ruas e se tornar uma cidade industrializada. Vi fazendeiros venderem suas terras e montarem um negócio com metalúrgica, tão extasiante a atitude da sociedade rural da época, abandonarem as tradições e montarem a indústria. Também vi o céu azul se tornar acinzentado, isto não é nada extasiante.
Quando percebi já não andava, estava parado à frente do casarão, enquanto me lembrava, nem me movia. Então vi a praça. Oh, a praça! Eu gostava da praça, sentava, e via as crianças brincarem, oh doces crianças, como levam a vida como se não importasse o amanhã, e os velhos, sempre de papo, sorrindo, adorava ver as pessoas passearem. Não, hoje a praça está suja, quase ninguém passa, preferem outros lugares barulhentos. Mas mesmo assim ainda gosto de ver a juventude atual, eles ainda sorriem, alguns sorriem; são muito mais abertos do que os de minha época, mas também sem objetivos, porém, não freqüentam a praça.
Mas o casarão, ele estava lá, eu me lembrava dele caindo aos pedaços da última vez em que passei pela rua oito, mas agora estava reformado. Já não tinha a sua cor bege, estava pintado de branco, nunca vi nem sequer um Serafim dizer que pintaria a casa de branco. O jardim estava replantado, alguém havia comprado e reformado o velho casarão. Vi-me tentado a entrar, lembrei-me das festas que freqüentei em tal casarão, sobre a presença do Dr. Augusto Serafim, o melhor médico que a cidade já teve, e também o