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HISTÓRIA, CORPO, MODA E QUESTÕES SOBRE O FEMINISMO
Regina Célia Lima Caleiro1
João Lucas Fagundes Versiani Gusmão2
Resumo: O artigo trata da emergência do corpo como objeto de estudo da História e o consequente interesse pelas questões da moda. Trata também das conquistas do movimento feminista e dos impasses atuais sobre a posse do próprio corpo pelas mulheres e da busca da felicidade no amor.
Palavras-chave: Corpo. Moda. Feminismo.
Abstract: The article deals with the emergence of the body as an object of study of History and the consequent interest in issues of fashion. It also deals with the achievements of the feminist movement and the current impasse over the ownership of women's body and the pursuit of happiness in love.
Keywords: Body. Fashion. Feminism.
Para Jacques Le Goff, a falta de estudos sobre o corpo faz parte de uma das grandes brechas da História. Assim, cabe aos historiadores dar corpo à história e dar uma história ao corpo, "pois [...] ele tem seu lugar na sociedade, sua presença no imaginário e na realidade, na vida cotidiana e nos momentos excepcionais e sua história sofreu modificações em todas as sociedades históricas”3. Por muito tempo acreditou-se na ideia de que o corpo pertencia à natureza, e não à cultura, mas o corpo tem uma história, e a constitui, assim como as estruturas econômicas e sociais ou as representações mentais, das quais ele é, de certa maneira, o produto e o agente4.
No ocidente medieval percebe-se uma grande preocupação em relação ao controle dos corpos, das práticas, dos gestos e da sexualidade das mulheres. O corpo feminino sofreu algumas “tensões” próprias, entre o bem e o mal. Entre o bem se destacavam a procriação, a castidade, o cuidado com a família; entre o mal, destacava-se a luxúria, a prostituição, a perversão da alma5. Destacam-se também os “tabus”, construídos pela instituição religiosa, acerca dos fluidos corporais,