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Se preferirmos uma interpretação mais literal, quanto às cartas a Lacepède, o italiano queria um patrono de qualidade para Alexandre António Vandelli, seu filho, futuro funcionário superior da Academia Real das Ciências, colaborador das suas revistas, e herdeiro das faianças de vandel. Para agradar a Lacepède, tenta suborná-Io (se quisermos ver corrupção numa diligência que qualquer pai faria) com os presentes mais valiosos para o ictiologista: peixes brasileiros, o Museu de Paris tinha pouco material do Brasil. Só não consegue nada por falta de sorte; Lacepède enlouquecera entretanto com a morte da mulher (Daget e Saldanha, 1989).
Outra acusação que lhe movem é a de ser invejoso. Domingos Vandelli viveu oitenta e um anos, ofereçeram-lhe umafábrica, ele recebeu subsídio para brincar aos aeróstatos, obteve sucesso, cátedra, fez currículo, atribuiram-lhe cargos directivos, foi co-fundador da Academia Real das Ciências, dirigiu a sua classe de Ciências Naturais, sócio das academias de Florença, Upsala, Lusácia e outras, conselheiro D. João VI, deputado da Real Junta do Comércio, Fábricas e Navegação, Cônsul-Geral de Portugai e Dinamarca, beneficiou dos favores de príncipes e ministros, nem de lhe pagarem a renda de casa se esqueceram as fadas de o bafejar. Tanto maná choveu sobre o homem que, subjectivamente falando, só se pode considerar uma indecência discriminatória, face a nacionais como