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SANTOS, Milton**.
«O que não está em nenhum lugar não existe.»
Aristóteles, Física
O papel do espaço em relação à sociedade tem sido freqüentemente minimizado pela
Geografia. Esta disciplina considerava o espaço mais como teatro das ações humanas. Lucien
Fèbvre (1932:37) salientava que o encaminhamento dos geógrafos parte em geral do solo e não da sociedade. Isso porque, como lembra R. E. Pahl (1965:81), a Geografia Social desenvolveuse lentamente («since the idea that ‘geographer start from soil, not from society’ (Fèbvre,
1932:37) was until recently widely held by most geographers, and is indeed still held by some, it is easy to understand why Social Geography has been slow to develop»).
Pode-se dizer que a Geografia se interessou mais pela forma das coisas do que pela sua formação. Seu domínio não era o das dinâmicas sociais que criam e transformam as formas, mas o das coisas já cristalizadas, imagem invertida que impede de apreender a realidade se não se faz intervir a História. Se a Geografia deseja interpretar o espaço humano como o fato histórico que ele é, somente a história da sociedade mundial, aliada à da sociedade local, pode servir como fundamento à compreensão da realidade espacial e permitir a sua transformação a serviço do homem. Pois a História não se escreve fora do espaço e não há sociedade a-espacial.
O espaço, ele mesmo, é social.
Daí a categoria de Formação Econômica e Social parecer-nos a mais adequada para auxiliar a formação de uma teoria válida do espaço. Esta categoria diz respeito à evolução diferencial das sociedades, no seu quadro próprio e em relação com as forças externas de onde mais freqüentemente lhes provém o impulso. A base mesma da explicação é a produção, isto é, o trabalho do homem para transformar, segundo leis historicamente determinadas, o espaço com o qual o grupo se confronta. Deveríamos até perguntar se é possível falar de Formação