Teresina
Pós-guerra: 1945-1953
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I
O Legado da Guerra
“Não foi uma decadência lenta que se abateu sobre o mundo europeu — outras civilizações tombaram e ruíram, a civilização européia foi, por assim dizer, explodida.” H. G. Wells, A Guerra no Ar (1908) “O problema humano que a guerra vai deixar atrás de si ainda não foi sequer imaginado, muito menos enfrentado por quem quer que seja. Jamais houve tamanha destruição, tamanha desintegração da estrutura da vida.” Anne O’Hare McCormick “Por toda parte existe uma ânsia por milagres e curas. A guerra empurrou os napolitanos de volta para a Idade Média.” Norman Lewis, Nápoles ’44
Na seqüência da Segunda Guerra Mundial, a perspectiva da Europa era de miséria e desolação total. Fotografias e documentários da época mostram fluxos patéticos de civis impotentes atravessando paisagens arrasadas, com cidades destruídas e campos áridos. Crianças órfãs perambulam melancólicas, passando por grupos de mulheres exaustas que reviram montes de entulho. Deportados e prisioneiros de campos de concentração, com as cabeças raspadas e vestindo pijamas listrados, fitam a câmera, com indiferença, famintos e doentes. Até os bondes parecem traumatizados — impulsionados por corrente elétrica intermitente, aos trancos, ao longo de trilhos danificados. Tudo e todos — exceto as bem nutridas forças aliadas de ocupação — parecem surrados, desprovidos de recursos, exauridos. Essa imagem precisa ser matizada, se pretendermos entender como o continente arrasado foi capaz de se recuperar tão rapidamente nos anos seguintes. Mas a imagem expressa uma verdade essencial sobre a condição da Europa após a derrota da Alemanha. Os europeus sentiam-se, de fato, desesperançados, e estavam exaustos — e tinham motivos para tal. A guerra européia que teve início com a invasão da Polônia por Hitler, em setembro de 1939, e terminou com a rendição