Terapia em Shakespeare
Terapia em Shakespeare
(se espalham entre a multidão, passando despercebidas)
(o terapeuta chega atravessando a sala em direção ao palco com uns papeis em mãos, resmungando alguns horários com pacientes)
Terapeuta:
Às duas horas, Maria; as quatro, Mariana; as seis, Roberta.
(ele fala isso enquanto caminha, quando chega ao palco se vira para o público)
Boa Tarde, hoje iremos falar de um assunto meio difícil para a maioria das pessoas, suas vidas. Que tal você pra começar, conte-nos. (aponta para Julieta)
Julieta:
Não, não, obrigada.
Terapeuta:
Vamos.
Julieta:
Oi, meu nome é Julieta.
O nome dele era Romeu e eu o amei como uma mãe ama um filho, mas o insolente não entendia. Continuava subindo ao meu quarto todas as malditas noites com aquela cantoria: “Julieta, Julieta, é por você que eu toco...”. (voz chorosa) Não foi culpa minha, eu juro. Romeu tinha ido aquela noite ao meu quarto levando um frasco com um líquido viscoso em suas mãos, me ofereceu, porém neguei. Ele continuava insistindo, e quando eu perguntava o que era que tinha dentro ele desconversava, mas ainda sim insistia. Eu continuei negando por várias noites. Até que um dia ele subiu e apareceu com o frasco em mãos, já ia começar com as negações de que não iria beber, quando o infeliz entorna o frasco na minha frente. Poucos minutos depois ele estava estirado no chão, morto. Meus pais nunca imaginaram sua filha envolvida numa coisa dessas. Então eu enrolei o corpo ainda quente, mas morto de Romeu em um lençol e o arrastei para o quintal no meio da noite. Foi meio trabalhoso, mas consegui enterrá-lo perto do carvalho branco. Plantei uma roseira branca em cima da cova pra poder lembrar depois onde o deixei. (cara de feliz de santa)
Pórcia:
Não podia ser vermelhas? (pensativa)
Terapeuta:
Hum, você. (aponta pra Lady Macbeth)
Lady Macbeth:
Olá, meu nome é Lady... Rainha Macbeth, e eu destruí vidas. Nunca tive problemas em conseguir o que queria, manipular os outros sempre foi algo