Terapia De Reposi O Hormonal Na Menopausa
Terapia de reposição hormonal na menopausa: evidências atuais
Lenita Wannmacher1
Jaqueline Neves Lubianca2
ISSN 1810-0791 Vol. 1, Nº 6
Brasília, Maio de 2004
Resumo
Segundo as evidências atuais, a terapia de reposição hormonal deve ser indicada por curto prazo para controle de manifestações vasomotoras e urogenitais. Terapia de reposição estrogênica fica reservada para mulheres histerectomizadas, enquanto a associação de estrógenos e progestógenos é obrigatória em mulheres com útero in situ. A partir da publicação de ensaios clínicos randomizados de grande porte, caíram por terra as supostas vantagens da terapia de manutenção na prevenção de doença cardiovascular, osteoporose e demência. Ao contrário, estudos surgidos a partir de 2000 apontaram a discreta eficácia ou ineficácia dos hormônios naquelas condições, bem como advertiram para efeitos adversos graves, como câncer de mama, câncer de endométrio (só estrogenoterapia), câncer de ovário, risco de doença coronariana, acidente vascular encefálico, trombose venosa profunda, demência e doença de Alzheimer.
Introdução
D
ontemporaneamente a Terapia de Reposição Hormonal (TRH)
– realizada com estrógenos, progestógenos e sua associação
– tem indicação no controle de manifestações vasomotoras e urogenitais decorrentes do decréscimo de produção de esteróides
1
ovarianos, principalmente estradiol e progesterona . Porém a administração por tempo prolongado, objetivando prevenir outras alterações relacionadas à menopausa, está sendo vista com cautela.
Essa terapia constitui uma das mais complexas decisões médicas na saúde da mulher, pois, nas últimas décadas, muitas informações desencontradas foram veiculadas.
Nos anos 70, a TRH foi severamente condenada pelo sugerido aumento de risco de câncer de mama e endométrio em mulheres expostas. Nos anos subseqüentes, criticaram-se a natureza e a magnitude desse risco, pois a maioria dos efeitos negativos relacionava-se a uso de estrógenos sem oposição de progestó2 genos .