Terapia Cognitiva
Ana Maria Martins Serra, PhD.
A Terapia Cognitiva, como um sistema de psicoterapia, emergiu na década de 60, século XX. Aaron Beck, impulsionado por preocupações teóricas, e emprestando da Psicologia acadêmica a metodologia científica, conduziu estudos empíricos com a intenção de confirmar princípios psicanalíticos, em particular o modelo psicanalítico motivacional da depressão como agressão retroflexa do indivíduo contra si, em uma tentativa de auto-punição. Seus estudos com depressivos moderados e severos geraram resultados negativos, e, contrariando suas expectativas, conduziram à desconfirmação do modelo psicanalítico de depressão. Beck propôs um novo modelo, o modelo cognitivo de depressão, o qual, evoluindo em seus aspectos teórico e aplicado, resultou na proposição de um novo sistema de psicoterapia - a Terapia Cognitiva.
A despeito de trajetos históricos próprios e independentes, a Terapia Cognitiva tem sido freqüentemente identificada com a Terapia Comportamental, e as denominações Terapia Cognitiva e Terapia Cognitivo-Comportamental, especialmente no Brasil, têm sido empregadas intercambiavelmente. Da perspectiva da Terapia Cognitiva, este texto enfatizará fatores específicos de cada abordagem, bem como fatores de superposição, destacando aspectos históricos interessantes e que convergiram para a emergência de cada uma dessas abordagens em diferentes períodos e contextos.
Bases históricas da Terapia Cognitiva
Na década de 50, nos Estados Unidos, devido à emergência das ciências cognitivas, o contexto já sinalizava uma transição generalizada para a perspectiva cognitiva de processamento de informação, com clínicos defendendo uma abordagem mais cognitiva aos transtornos emocionais. Nessa época, observou-se uma convergência entre psicanalistas e behavioristas com respeito à sua insatisfação com os próprios modelos de depressão, respectivamente, o modelo psicanalítico