Teoria keynesiana
FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS
Uma Introdução à Teoria Pós-Keynesiana1
Ricardo Dathein*
A teoria pós-keynesiana esclarece, enfatiza e acrescenta elementos em relação à teoria de Keynes. Esse autor, de acordo com a visão pós-keynesiana, elaborou uma teoria monetária do emprego, ou seja, considerou que as variáveis monetárias causariam efeitos reais e, por isto, não poderia ser aceita a dicotomia rígida entre variáveis monetárias e reais da teoria neoclássica. Os autores keynesianos ou pós-keynesianos criticam fortemente a teoria neoclássica. Por exemplo, para Davidson esta teoria adota “... um modelo mítico que subjuga as instituições monetárias aos fatores reais ...” (Davidson, 1977: 359) ou cria “... um mundo hipotético, distante da experiência, como se fosse o mundo da experiência ...” (Davidson, 1999: 49, citando Keynes quando este comenta sobre Ricardo). Com base nessas visões, na opinião de Paul Wells, a teoria neoclássica ou ortodoxa seria “... extraterrestre e irrelevante” (Wells, 1987: 75).
Para Keynes, a lei de Say teria validade somente em uma economia de trocas (de escambo), não monetária, também chamada de economia cooperativa ou de salários reais, ou então em uma economia neutra, em que a moeda assumiria papel meramente facilitador de trocas. Essa é uma economia imaginária ou que faria parte da utopia liberal. Nesses casos, garantir-se-ia que o gasto agregado seria sempre igual à renda agregada, de modo que a economia permanecesse no pleno emprego. Em uma economia empresarial, ou de salários nominais, ao contrário, existem flutuações de demanda efetiva e de emprego e, em vista disso, não se garante o pleno emprego. Essa é uma economia monetária da produção, ou seja, uma economia capitalista real2 (Keynes, 1979: 76 e seguintes). Neste contexto, “... dinheiro compra bens e bens compram dinheiro, mas bens não compram bens” (R. Clower, apud Davidson, 1977: