teoria do caos
(Capítulo 3 do livro Mudança Organizacional)
Thomaz Wood Jr.1
Apresentação
Na gestão, quando deparamos com temas da moda – e não têm sido poucos os casos -, somos em geral tomados por sentimentos ambíguos: de um lado, os nossos preconceitos, gerados e sedimentados ao longo de anos de exposição à exploração e vulgarização de temas científicos; do outro, uma certa atração pelo frescor das novidades e a possibilidade de conseguir com elas novos insights sobre nosso objeto de estudo. Este é o caso da Teoria do Caos.
Em grande escala, a partir dos anos 60, a indústria editorial foi acometida, e cometeu, dois booms quase simultâneos. Ao mesmo tempo em que a literatura de divulgação das conquistas científicas tomava novo impulso, certo filão voltado para a questão organizacional surgiu com grande força. O primeiro fenômeno refletia o avanço das ciências básicas e aplicadas e a afetação produzida por estes avanços sobre o dia-a-dia das pessoas. Já o segundo fenômeno foi fruto da transformação da organização como objeto de estudo. Enquanto, nos anos 30, organizar tinha o sentido de segmentar, planejar, ordenar e controlar, nos anos 60 e 70 a organização já era vista como uma força motriz da modernidade e transformava-se, para desespero dos deterministas, num "baú complexo" e pouco compreendido. Os gestores, por sua vez, passaram a sentirem-se como os habitantes de Tebas diante da Esfinge. Feliz, ou infelizmente, não faltaram candidatos a Édipo escrevendo livros.
A Teoria do Caos passa por estes dois fenômenos, e é significativa de um terceiro. Surge, inicialmente, em estudos e modelações matemáticas ligadas à meteorologia, à biologia, à física e à química. Ganha espaço e popularidade por meio da literatura de divulgação científica, principalmente por sua característica de transdisciplinaridade, sua capacidade de explicar eventos tão distintos quanto a variação da temperatura ambiente, o crescimento de populações