Teoria Contemporanea
Antônio Gramsci trata da concepção ampliada de Estado, que chama de "sociedades ocidentais", onde há uma relação equilibrada entre a sociedade política e a sociedade civil, e a luta de classes têm como terreno decisivo os aparelhos privados de hegemonia, na medida em que visa à obtenção da direção político-ideológica e do consenso. Neste caso o Estado se ampliou, o centro da luta de classe está na "guerra de posição", numa conquista progressiva ou processual de espaços e por meio da sociedade civil, visando à conquista de posições. Nas "sociedades orientais" não foi desenvolvida uma sociedade civil forte e autônoma, nessas o Estado é tudo e a sociedade civil é primitiva e gelatinosa, na qual as lutas de classes se travam fundamentalmente visando à conquista explosiva do Estado. Sendo o Estado restrito, o movimento revolucionário se expressa como "guerra de movimento" ou "guerra de manobra".
Nas sociedades ocidentais, a sociedade política, formada pelo conjunto dos mecanismos através dos quais a classe dominante detém o monopólio legal da repressão e da violência e que se identifica com os aparelhos coercitivos ou repressivos de Estado, controlados pelas burocracias. Por meio da sociedade política, as classes exercem sempre uma ditadura, uma dominação mediante coerção e pela sociedade civil, organizações responsáveis pela elaboração ou difusão das ideologias, compreendendo as escolas, as igrejas, os partidos políticos, os sindicatos, as organizações profissionais, os meios de comunicação etc. Por meio da sociedade civil, as classes buscam exercer sua hegemonia, buscam ganhar aliados para suas posições mediante a direção política e o consenso.
Gramsci entende que a sociedade civil pertence ao momento da superestrutura e não ao da estrutura, pois retira a sociedade civil da estrutura econômica e a integra à superestrutura. A sociedade civil são as relações ideoculturais e políticas.