Teologia
O protestantismo no Brasil e suas encruzilhadas ANTONIO GOUVÊA
MENDONÇA é professor da Universidade
Presbiteriana Mackenzie.
“A utopia só trabalha em prol do presente a ser alcançado, e assim o presente, sendo a ausência dedistanciamento intencionada para o fim, estará, no final, borrifado por
O título deste artigo exige desde logo um esclarecimento preliminar sob pena de cair na confusão reinante quando se trata de estudar o campo religioso brasileiro sob qualquer ponto de vista. Nunca se viu uma diversidade religiosa tão grande como a que se nota atualmente no
Brasil. Para complicar mais ainda, a dinâmica interna desse campo, que demonstra intensa itinerância entre grupos religiosos, assim como as variações numéricas indicadas no último censo
(2000) apontam para a necessidade de se buscar conceitos mais atuais e capazes de estabelecer distâncias e aproximações entre os diversos grupos que disputam o espaço religioso.
Estamos diante do conceito de protestantismo
todos os intervalos
brasileiro, usado sem maiores preocupações pe-
utópicos” (Ernst
los primeiros estudiosos do assunto. Entre eles, o
Bloch, O Princípio
Esperança).
respeitável historiador francês Émile G. Léonard que, estando no Brasil por dois anos (1948-49) como professor contratado pela Faculdade de
cristãos não-católicos e não se aplica de maneira adequada ao vasto grupo dos assim chamados pentecostais e neopentecostais.
É claro que deixa de lado também todas as igrejas cristãs não romanas como as chamadas em geral por orientais ou ortodoxas.
Assim, quando se fala em protestantismo brasileiro vem logo à tona a necessidade de definir, estabelecer o conceito com clareza. O que é protestantismo e o que é protestantismo brasileiro? Ainda, o que é um protestante?
1 Como nos chama a atenção esse autor, não confundir com os evangélicos de vertente inglesa mais moderna que designam a ala conservadora do