Teologia e tica
DESAFIOS PARA ÉTICA E TEOLOGIA[1]
Jung Mo SUNG1 Já é um fato conhecido que o discurso dominante hoje apresenta o capitalismo contemporâneo como um sistema social ao qual não há alternativa. Os neoliberais e outros pensadores pró-capitalistas elaboram as mais diversas teorias para dizerem a mesma coisa: não há alternativa ao sistema de mercado capitalista. Contudo, este tipo de discurso não é novidade na história. Todos sistemas de dominação, seja um império ou um regime autoritário, se apresentam como um modelo social sem alternativa. Isto porque eles seriam uma expressão da vontade divina, da evolução da natureza ou da ordem racional da história, ou simplesmente porque todas outras alternativas seriam inviáveis. O que varia é somente a forma concreta com que um sistema social dominante se legitima como sendo “sem alternativa”.
Atualmente, a apresentação do capitalismo, de corte neoliberal, como um modelo sem alternativa se dá em torno da articulação de dois conceitos fundamentais: a auto-organização e evolução. A legitimação e a explicação do sistema de mercado em torno desses dois conceitos não é, na verdade, uma idéia recente. Paul A. Samuelson, por exemplo, no seu livro Introdução à economia – um dos livros-manuais mais influentes e utilizados na formação de economistas do século XX, cuja primeira edição é de 1948 –, diz que “um sistema competitivo é um esmerado mecanismo para a coordenação inconsciente através de um sistema de preços e mercados, um dispositivo de comunicação visando a combinar o conhecimento e as ações de milhões de indivíduos diversos. Sem contar com uma inteligência central, resolve um dos mais complexos problemas que se possa imaginar, envolvendo milhares de variáveis e relações desconhecidas. Ninguém o projetou. Ele simplesmente evoluiu e, como a natureza humana, está sofrendo modificações, mas passa pelo primeiro teste de qualquer organização social: tem condições de sobreviver.” [2]
Neste texto,