Leonardo Boff em "Tempo de Transcendência" trata sobre duas principais vertentes: a imanência e a transcendência, mas há uma terceira a pseudotranscêndencia. Imanência é a nossa raiz, é a limitadora. Ele dá o exemplo da família em que nós nascemos ou até a língua que nós falamos. E transcendência é a dimensão de abertura, é essa capacidade de nos libertar, de romper barreiras, de nos projetar para fora. Ninguém nos impede de pensar, de ter sentimentos, é a estrutura base do ser humano. Fazemos todo dia a experiência de transcendência, numa torcida de futebol ou desfile que carnaval em que torcemos, se o nosso time ou a nossa escola de samba ganha, nós vibramos, soltamos fotos, nos projetamos para fora. Pode ocorrer também no enamoramento, estar com a pessoa amada, fazer de tudo para poder vê-la. A experiência de transcendência se dá principalmente no encontro com pessoas, com uma palavra amiga quando você não está bem, ou uma palavra de um sacerdotal. Há também a pseudotranscendência, que todo esse universo do marketing, do entretenimento, do show bizz produz, algumas pessoas quando veem seus artistas favoritos gritam, pulam e choram. Mas a maior de todas elas é a droga, que permite uma viagem fantástica feita pela química, o homem sai de si, mas o problema é a volta da viagem, volta para seu cotidiano chato, os horários, contas a pagar, é a imanência. Então a pseudotranscendência nos dá uma "falsa" transcendência, permite apenas um tempo dela mas depois voltamos ao estado de imanência. Se a experiência não amplia nossa liberdade, não nos dá mais energia para enfrentar os desafios do cotidiano, comum a todos os mortais, não nos faz mais compassivos, generosos e solidários podemos dizer seguramente que fizemos uma experiência de pseudotranscendência.