Teias da educação
Escritos abreviados Carlos Rodrigues Brandão Série: cultura/educação - 8
8.
sobre teias e tramas de aprender e ensinar anotações a respeito de uma antropologia da educação educação e cultura: a educação como cultura
Primeiro vieram os outros, antes de nós. Outros seres da Terra, outros seres da Vida. Mas desde um primeiro alvorecer da vida na Terra, talvez os sinais de nossa tardia chegada estariam por toda a parte. Semeados entre a morte e a vida eles estariam por toda a parte onde a vida criasse a vida e entre um ser de um tempo e um outro, se transformasse. Em algum tempo antes de nós existiriam já então as flores. Alguém já pensou quando e onde pela primeira vez a cor de uma flor plantou na terra uma faixa de luz e água do arco-íris? Ásperas, duras flores de um tempo anterior ao dos nossos primeiros ancestrais. Já então, muitos e muitos milênios antes, a experiência multiforme da vida teria trazido das águas moventes para o chão de terra firme as sementes desses primeiros seres das florestas e dos campos, entre os muitos tons de marrom e verde e as cores que vão do azul ao lilás e do vermelho ao branco e ao amarelo. Os grandes sáurios teriam desaparecido quando toda a Terra mudou por causa de algo que veio do céu. E, então, entre outros animais de grande porte o pequenino beija flor corria entre cores e odores fecundando a vida. Desde cedo a vida decretou que iriam sobreviver os mais mutáveis e sábios e, não, os mais fortes e encouraçados. Desde os primórdios, saber conviver e saber transformar-se foi o segredo da sobrevivência. E os seres de que nós surgimos pouco a pouco, aos poucos aprenderam a descer das árvores e com o passar de um longo tempo e a custa de um enorme esforço, erguerem-se sobre as patas de trás e olharam de frente o sol e o horizonte. No aprender do que cabe em milênios terão aprendido a reservar as mãos para ofícios até desconhecido. E aos poucos, geração após
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geração, terão introduzido no mundo uma rara e única