Tedesco
Para mostrar a dificuldade actual em identificar o quê, como e quem representa melhor o campo da democracia, da equidade e da liberdade no campo especifico da educação, o autor aponta quatro exemplos: 1. Estratégia baseada na prioridade da expansão da cobertura de educação primária – Para uns este postulado constitui um imperativo democrático e equitativo, para outros, representa uma nova versão do conservadorismo social, que pretende oferecer aos sectores populares a educação básica, o acesso ao ensino superior para os sectores elevados das sociedades. 2. A prioridade atribuída à acção do Estado – A defesa da actuação pública estatal na educação foi, tradicionalmente, um imperativo de esquerda, que entendia o sector público como uma garantia de equidade e de democracia na oferta educativa. Contudo, análises e a própria história, mostram que o Estado não é - por si mesmo e de forma abstracta – uma garantia de equidade e democracia, e que, pode até exercer a sua acção como aparelho dominador, contrário à liberdade e ao respeito pelas diferenças. 3. A expansão das novas tecnologias: para uns é uma promessa de realização de todas as utopias, para outros constitui uma ameaça destinada a reforçar as desigualdades e o controlo sobre os cidadãos. 4. Os próprios objectivos democráticos da educação como actividade que deve ser destinada à formação integral da personalidade, através do desenvolvimento de capacidades como a criatividade, a solidariedade, a solução de problemas, são agora reivindicadas não só pelos educadores progressistas, mas também por actores sociais que – como os empresários – eram identificados no passado, como opositores destas propostas.
Recuperar a identidade do movimento progressista na educação é necessário, já que um actor comprometido com o movimento social que orienta a educação no sentido democrático, é uma das condições de êxito dessas orientações, visto que os diferentes aspectos da crise