art is hard
Um conjunto de fotografias desdobra-se em cadeia, expondo um processo contínuo, ao mesmo tempo, anacrônico. São imagens de uma seqüência narrativa, pois nelas é possível perceber-se a estrutura de um percurso.
Entretanto, nessas obras retornam imagens e espaços de outros tempos, re-apropriados agora em novas articulações de sentido. Como se pudessem quebrar o ciclo previamente encadeado, mas não chegam a fazê-lo, apenas entrecortam-no em avanços e retornos desses lugares e tempos.
Paisagens
solitárias
ou
recantos
quase
esquecidos no interior do Rio Grande do Sul são apreendidos nesses
poéticos
registros
fotográficos. Mas estes guardam em seu âmago, muito antes de tornarem-se fotografias, a intensa vivência da artista nesses espaços. Sente uma comunicação vital com o mundo, que se torna presente como um lugar familiar de sua vida. É a ele que os objetos percebidos e Elaine, como o sujeito que percebe, devem sua espessura.1 Viaja obsessivamente por essas regiões, até descobrir
1 Cf. Merleau-Ponty, Maurice. Fenomenologia da percepção. Rio de Janeiro/São
Paulo: Freitas Bastos SA, 1971.
esses territórios, trazendo consigo muitos dos objetos já presentes em seu trabalho. As obras anteriores, a
própria
busca
atual
e
o
desvendamento de novos sítios constituem um único processo, o que não é capaz de reduzir-se a uma percepção passiva e unívoca de imagens fotográficas. É
calcado
em
acentuada
complexidade e traz, com isso, uma pluralidade de elementos que incitam a uma apreensão multifocal: tem-se
contatos
com
diferentes
tempos, com apropriações diversas de espaços e objetos e com as variadas conexões que se estruturam entre eles. Uma obra que nos propõe um repensar em profundidade nossas relações com o mundo.
Sob o domínio de um meio técnico que se interpõe entre seu olhar e a mão, Elaine mostrase