Teatro
O TRABALHO DO ATOR E SUAS COMPETÊNCIAS FUNDAMENTAIS NA CENA CONTEMPORÂNEA
Os atores sempre se confrontaram com a questão do reconhecimento de procedimentos técnicos na fundamentação de seu ofício. E nesse sentido, a arte da representação foi objeto de diferentes pesquisas que apontaram inúmeras formas de estruturação e instrumentalização, diferentes
procedimentos de treinamento e trabalho. A convivência na cena contemporânea com uma multiplicidade estética, cujas formas de representação são por vezes divergentes, vem fomentando o ator a uma busca inquieta de uma semelhante multiplicidade de técnicas de representação. É, então, compartilhando, como ator, desta mesma inquietude sobre as competências fundamentais necessárias ao ator para responder às demandas da cena contemporânea, que faço deste espaço um momento de reflexão sobre alguns aspectos da arte do ator: qualidades fundamentais do ator sobre a cena, modalidades de apropriação do texto dramático e caracterização do personagem, compreensão dos conceitos de energia e presença cênica, relação entre técnica, intuição criadora e cristalização do personagem. Escolhi desenvolver esta reflexão a partir do entendimento adotado por atores gaúchos sobre estes aspectos, traçando aproximações e reconhecendo suas divergências. Nesse sentido, o procedimento metodológico se definiu primeiramente pela realização de entrevistas para as quais foi traçado um roteiro estruturado. Saio a campo e entrevisto doze atores e atrizes de Porto Alegre, buscando contemplar diversas gerações, formações, participantes de grupo estável ou não: Arlete Cunha, Daniel Colin, Dejayr Ferreira, Evelyn Ligocki, Giancarlo Carlomagno, Luciane Panisson, Luiz Paulo Vasconcellos, Marcelo Aquino, Rodrigo Marques, Sandra Dani, Simone Butelli e Tânia Faria. Procuro fundamentar teoricamente a análise das entrevistas com os estudos sobre a relação entre verdade cênica e vivência emocional, segundo Stanislavski, necessária para o ator