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“Contágio” não seria diferente de qualquer outro filme envolvendo epidemias não fosse por um elemento: Steven Soderbergh. O diretor já havia demonstrado habilidade em contar histórias múltiplas em “Traffic”, pelo qual ganhou, merecidamente, o Oscar de melhor diretor. É o bom balanço entre múltiplas narrativas, que nem chegam bem a se entrelaçar ou cruzar, que consegue dar a noção de um evento particular que acaba afetando todo o globo.
Dá para fechar uma sinopse falha ao se ater em três linhas narrativas base. Teríamos a questão da mídia, focada no jornalista interpretado por Jude Law que mantém um blog no qual espalha alguns fatos e muita falácia sobre a epidemia. Os esforços dos governos e pesquisadores tentando definir de onde surgiu o vírus para conseguir desenvolver uma cura/vacina, representados por Lawrence Fishburne, Marion Cotillard e Kate Winslet. E, por fim, o homem comum, que precisa adequar sua vida à epidemia, ao mesmo tempo em que se esforça para proteger sua filha, representado por Matt Damon e Gwyneth Paltrow.
Para conseguir equilibrar tantas histórias em paralelo, é crucial uma edição eficiente. E poucas são mais eficientes que essa. Ao final, é até difícil lembrar que alguns personagens desapareceram no meio do caminho. Mas a verdade é que importa muito pouco. A angústia está em saber quem será o próximo contaminado, além da corrida contra o relógio para tentar descobrir uma vacina.
Para isso, cada close conta. Literalmente. Desde o começo a câmera faz questão de ressaltar cada toque de maçaneta, celular, copo, carteira, dinheiro e cada aperto de mão, beijo, toque no rosto. Já que a contaminação (não por acaso da mesma forma que a H1N1 de dois anos atrás, que é lembrada pelo filme) se dá majoritariamente pelo contato com mucosas, a quantidade de planos fechados exaltando esses gestos acaba sendo crucial para a sensação de suspense que Soderbergh pretende