TCC O ENFERMEIRO
A proposta do presente trabalho é dar conta de técnicas de análise e interpretação de uma obra literária, tomando por base O enfermeiro de Machado de Assis. Examinando o desenvolvimento da narrativa as implicações temático-estruturais da caracterização das personagens, a construção espaço-temporal, o foco narrativo e outros recursos ficcionais empregados. Dentro deste contexto analisaremos também a mensagem que o texto se propõe transmitir para o leitor, bem como os contrastes sociais apresentados dentro desse contexto. O Enfermeiro está, certamente, entre os melhores contos de Machado de Assis. Narrado em primeira pessoa a um interlocutor imaginário, é a história do último enfermeiro do rabugento coronel Felisberto, que esgana seu indócil paciente. Sofre o drama de consciência, intensificado pela herança do pecúlio do velho, mas a culpa arrefece quando se vê reconhecido por sua dedicação extrema. São todos exemplos maduros do realismo machadiano. Corre a seu favor que o velho estaria muito doente e portanto à beira da morte, e este ultimo enfermeiro ser o mais paciente que já havia contratado, adquirindo assim de uma certa forma alguma simpatia do velho coronel. Daí em diante O convívio entre paciente e enfermeiro passou por estágios de degradação sucessiva: de uma aparente lua-de-mel, as relações foram se deteriorando até que, em um acesso de fúria, o enfermeiro comete um assassinato. A não ser por um pequeno e passageiro remorso/medo sentido pelo narrador, o crime passa despercebido. A convivência com o crime poderia se tornar insuportável no momento em que o criminoso é nomeado herdeiro universal dos bens do coronel, mas o tempo e o dinheiro são ótimos remédios, o que permite ao narrador ironicamente fazer uma emenda aos dizeres do “Sermão da Montanha”, para corrigí-lo: “Bem-aventurados os que possuem...”.
INTRODUÇÃO
Os contos de Machado de Assis, cerca de duzentos,