Taturana Assassina
LINHA
IMUNOLOGIA Soro criado pelo Instituto Butantan neutraliza veneno da lagarta Lonomia obliqua
Resposta rápida contra a taturana assassina
Nos últimos anos, uma lagarta de mariposa envenenou várias pessoas na região Sul e levou algumas à morte, mas em pouco tempo pesquisadores brasileiros estudaram o veneno e criaram um soro para neutralizá-lo. A solução rápida e eficiente desse sério problema de saúde pública revela a importância do sistema de pesquisa e a necessidade de constante apoio oficial para que seja mantido e aperfeiçoado.
Por Wilmar Dias da Silva, do Centro de Biociências e Biotecnologia da Universidade Estadual
Figura 1.
Fase larval
(lagarta)
da mariposa
Lonomia
obliqua, conhecida no
Sul do Brasil como taturana assassina, por seu forte veneno do Norte Fluminense.
aumento dos casos de envenenamentos resultantes do contato de pessoas com lagartas de mariposas, nos estados do Rio Grande do Sul, Santa
Catarina e Paraná, criou, em meados de 1995, um novo problema de saúde pública. A questão chamou a atenção de cientistas da área de imunologia, já que sua solução exigiria pesquisas básicas e aplicadas que levassem ao desenvolvimento de um soro capaz de neutralizar a ação do veneno das lagartas, chamadas pela imprensa leiga de taturanas assassinas (figura 1).
No Instituto Butantan, os primeiros relatos sobre esses envenenamentos foram apresentados pela pesquisadora Eva Maria Kelen. Segundo as informações da época, as taturanas provocavam dor, urticária e edema no local do contato, seguidos de distúrbios nos gânglios da região próxima, hemorragias nas mucosas (e em ferimentos existentes em outras áreas do corpo) e sobretudo alterações complexas no sistema de coagulação do sangue, resultando na redução do fibrinogênio (proteína essencial no processo de coagulação) no plasma sangüíneo para níveis indetectáveis pelos métodos usuais. Esse quadro persiste por vários dias e pode levar à morte do paciente.
As tentativas de tratamento com drogas que