Taboeira
Alexandre O`Neill
Alexandre Manuel Bahia de Castro O'Neill, nasceu em Lisboa, a 19 de Dezembro de 1924 e faleceu em Lisboa, 21 de Agosto de 1986), foi um importante poeta do movimento surrealista, um movimento artístico e literário nascido em Paris na década de 1920.
Autodidacta, O’Neill foi um dos fundadores do Movimento Surrealista de Lisboa. É nesta corrente que publica a sua primeira obra, o volume de colagens A Ampola Miraculosa, mas o grupo rapidamente se desdobra e acaba. As influências surrealistas permanecem visíveis nas obras dele, que além dos livros de poesia incluem prosa, discos de poesia, traduções e antologias. Não conseguindo viver apenas da sua arte, o autor alargou a sua acção à publicidade. É da sua autoria o lema publicitário «Há mar e mar, há ir e voltar». Foi várias vezes preso pela polícia política, a PIDE. Em 1958, com a edição de No Reino da Dinamarca, Alexandre O’Neill viu-se reconhecido como poeta. Na década de 1960, provavelmente a mais produtiva literariamente, foi publicando livros de poesia, antologias de outros poetas e traduções.
POEMAS:
HÁ PALAVRAS QUE NOS BEIJAM
SONETO A DUAS MÃOS
FALA
INVENTÁRIO
UM ADEUS PORTUGUÊS
SONETO
VELHA FÁBULA EM BOSSA NOVA
GAIVOTA
A MEU FAVOR
PORTUGAL
O TEMPO DUM CORISCO
DUAS MOSCAS OU A MESMA?
A SACA DE ORELHAS
Poema
Amigo
Mal nos conhecemos
Inaugurámos a palavra «amigo».
«Amigo» é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo,
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!
«Amigo» (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
«Amigo» é o contrário de inimigo!
«Amigo» é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado,
É a verdade partilhada, praticada.
«Amigo» é a solidão derrotada!
«Amigo» é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
«Amigo» vai ser, é já uma grande festa!
Eu escolhi este poema, porque ser amigo é sempre algo positivo,