Tabalho biologia
Narrado em 3ª pessoa, a obra tem um narrador onisciente que se situa fora do mundo narrado e/ou descrito. Há um total distanciamento entre o narrador e o mundo ficcional. Há o predomínio na narrativa do discurso indireto livre, o que permite ao autor revelar o pensamento das personagens. A visão do narrador é fatalista pois as camadas populares são vistas como animais condenados ao meio social que habitam, homens fadados a viverem como animais selvagens.
O cenário é descrito com ambiente e os caracteres em toda a sua sujeira, podridão e promiscuidade, com uma intenção crítica - mostrar a miséria do proletariado urbano - sem esconder a náusea que o narrador sente diante da realidade que revela, mas posicionando-se de maneira solidária junto ao povo do cortiço: "Sentia-se naquela fermentação sanguínea, naquela gula viçosa de plantas rasteiras ...o prazer animal de existir,... E naquela terra, ...naquela umidade quente e lodosa, começou a minhoca a esfervilhar, a crescer,... uma coisa viva, uma geração que parecia espontânea,... multiplicar-se como larvas no esterco."
Romance de cunho social, O Cortiço, de Aluísio Azevedo, é o marco da literatura realista-naturalista brasileira. Uma história envolvente e sombria de uma habitação coletiva no Rio de Janeiro do Segundo Império que tem como tema a ambição e a exploração do homem pelo próprio homem. De um lado, João Romão, que aspira à riqueza, e Miranda, já rico, que aspira à nobreza. Do outro lado, a "gentalha", caracterizada como um conjunto de animais, movidos pelo instinto e pela fome. Todas as existências se entrelaçam e repercutem umas nas outras. O cortiço é o núcleo gerador de tudo e foi feito à imagem de seu proprietário, cresce, se desenvolve e se transforma com João Romão.
No século XIX, os cortiços eram galpões de madeira habitados por trabalhadores não-qualificados. Esses galpões eram subdivididos internamente. O proprietário era geralmente português, dono de armazém próximo. Mas havia