A tarde estava quente como o inferno e só pensara o que faria pelo resto do dia. Como de costume, sozinha pelos cantos da casa me encontrava a procura de algo que tanto me faltava. A TV permanecia ligada e eu tão pouco se importava com a programação hipócrita de merda exibida na tela. Eis que, no entanto resolveram passar vídeocilpes. De cara, tocara o último lançamento do Linkin Park e no ato, lembrei de você e o como estava sentindo a sua falta. Tudo bem! Admito, sem rodeios, que estou com saudades. Saudades do teu cheiro de suor e Malbec, do calor do teu corpo no meu, do teu sorriso e do jeito como me fazia rir, das tuas mãos calejadas de tanto trabalhar, dos teus beijos, do como pegava de jeito, meu bem. Sinto falta das coisas e de todos pequenos detalhes que envolvem você. Fora pouquíssimo tempo e não fora nada sério. Mas assim como eu, tu sabes que era bom. A gente sentava e conversava, por horas e nem percebia. Tu me falavas da tua vida, dos teus amigos, dos teus descobrimentos e arrependimentos. Dos amores, das dores e decepções. Do que te faz feliz e do que te tiras do sério. Do homem que lhe criou, do pai que lhe abandonou e das mágoas acolhidas em teu peito. Falara da tua família e de como sua mãe és tão linda. Olha, tu teve a quem puxar! E eu ouvira, com toda a atenção. Todo mundo diz que tu és um completo babaca, criança, infantil, que não sabe nada da vida e que tem muito a aprender. Mas duvido que saibam de tudo que andas passando, dos teus sonhos, do homem de bom coração que és e do quanto se esforça pra dar o seu melhor, seja no que for, eu sei, meu bem. Perdoa-me a audácia em tanto lhe escrever, mas quero que saibas que estou aqui e que podes contar comigo para o que precisar. Não me importo se tu vieres à noitinha ou até no pudor do amanhecer, sentar na rua de casa e jogar conversa fora, te escuto com todo prazer! Posso dizer, sem vergonha, que gosto de você.