Síntese
Tutora presencial: Norma Davi Coelho de Oliveira
Um Pedido de Socorro no Mais Absoluto Silêncio
Sou professora do quinto ano de uma escola pública municipal. Meus alunos têm, em média, 10 anos de idade e tenho 36 deles em minha sala de aula. Não posso falar de minha rotina como professora sem falar de Marcus...
Marcus é um aluno que nenhum professor gostaria de ter. Brinca com tudo, desde o barulho que seu tênis faz ao caminhar, o cabelo da colega que está trançado, até o caderno do colega ao lado. Faz questão de obter atenção de todos, várias vezes durante a aula e frequentar a diretoria, chamar os pais, advertência e suspensão não o assustam. Tenho pesadelos com o Marcus! Ele me faz gritar, me irrita e sinto como se 90% do meu estresse diário fosse culpa dele.
Um dia ele se machucou durante o recreio e eu o levei ao pronto-socorro. Acho que com isso algo mudou, pois no dia dos professores me trouxe uma rosa, me abraçou e demonstrou carinho, muito embora nossa relação seja de confronto.
Passei a observá-lo melhor, embora ele continuasse perturbando a paz de minha sala de aula. Vi que a minha turma, que é considerada a mais problemática da escola o tem como líder: uma vez que ele tem comportamentos inadequados, toda a turma parece segui-lo e o ter como modelo. Pude observá-lo com seus pais numa reunião e percebi que eles são distantes com ele, não o veem, não o olham e parecem percebê-lo como um incômodo, um estorvo, um peso... Analisando o gesto de carinho que ele teve comigo e o tratamento dado a ele pelos pais, vi nele uma criança que precisava de carinho, atenção, de uma conversa de amigo para se abrir, se sentir acolhido, se sentir útil, uma pessoa, melhor, uma criança que tem sentimentos como qualquer outra.
Com isso, procurei buscar possíveis respostas para entender melhor o que se passava com o Marcus e a partir daí ver como eu poderia não