Síntese do texto: “Para uma história da psicologia” Paul Mengal

Três eventos caracterizam o “nascimento” das psicologias como ciência. “Das psicologias” porque essa disciplina é profundamente dividida; as principais divisões são a do objeto de estudo, de projeto e de seu modo de institucionalização. A paternidade da psicologia ficou não mãos de Wundt, pela criação do laboratório; Freud, pela criação da psicanálise e Fechner por sua obra: “elementos da psicofísica”.
O primeiro grande marco foi a criação da palavra “psicologia” que não existia em grego clássico; a nova palavra surgiu de derivações de termos pertencentes majoritariamente à filosofia neoplatônica ou gnóstica (que possuíam grande interesse por questões da alma). A sua criação representou a ruptura com a filosofia, este é o segundo marco. A ruptura com a filosofia ocorreu por conta do impacto da concepção evolucionista de Darwin, que gerou uma teoria que acreditava que a evolução das espécies ocorria no mesmo nível que a evolução do comportamento. Ou seja, o ambiente seleciona comportamentos da mesma maneira que faz com os fenótipos. Foram numerosos os que rejeitaram o darwinismo, mantendo as concepções neoaristotélicas. Estes não se privaram de fazer referências à biologia, mas fizeram seus modelos fora das concepções evolucionistas. O terceiro marco foi à fundação de um laboratório de psicologia experimental em 1879 por Wundt. Rapidamente surgiram outros na Europa e EUA, o que permitiu que a psicologia se tornasse disciplina universitária. Mas somente isso, pois esses laboratórios apresentavam atividades muito diferentes entre si e formavam projetos tão contrastantes que é difícil de afirmar que essa proliferação gerou o nascimento de uma ciência homogênea. As diferenças eram a respeito ao objeto de estudo, aos métodos e as concepções teóricas que as guiavam. O principal motivo que gerou a possibilidade de teorias tão divergentes foi que a psicologia jamais teve objeto próprio de estudo. Ela compartilhou a alma com a teologia e a metafísica; o