Síndrome de clerabault

Síndrome de Clèrambault

Caio Cesar Calixto Gomes
Gustavo Fonseca Genelhu Soares

INTRODUÇÃO A constatação de delírios eróticos, na ausência de uma anormalidade psiquiátrica evidente, tem sido associada ao nome de De Clèrambault, psiquiatra francês que, em 1921, descreveu cinco casos de erotomania. Em 1920, ele apresentou sua classificação das psicoses passionais, identificando muita semelhança entre elas, como "o mesmo afeto exaltado, a mesma predominância de sentimentos, o mesmo poder emocional e o mesmo tipo de paixão mórbida".1 No transtorno delirante erotomaníaco, o paciente afetado é intensamente amadado por uma outra pessoa - geralmente alguém famoso, como um artista da televisão, ou uma pessoa de destaque na sociedade. O delírio erotomaníaco é também conhecido como psychose passionelle e síndrome de Clerambault. O início dos sintomas pode ser súbito e, frequentemente, torna-se o foco central da vida da pessoa afetada. Muito comum esoforços para fazer contato com o objeto central do delírio, através de telefonemas, visitas, vigilância e perseguição, embora ocasionalmente a pessoa tente manter o delírio em sigilo. 2 O portador de tal transtorno delirante pode fazer uso até mesmo de objetos como calculadoras, rádios para fazer contato com a pessoa central do seu delírio. O sintoma de conduta paradoxal consiste em interpretar todas as negativas verbais e físicas como provas claras de amor. Os delírios erotomaníacos podem estar associados a déficits neurológicos, ou surgir para satisfazer a procura por experiências sexuais² ou como adaptações às dificuldades pessoais frente à vida. 3, 4 A maioria das amostragens clínicas trata-se de mulheres, já nas amostras legais é constituída por homens. Estes últimos, principalmente, podem entrar em conflito com a lei, por seus esforços em perseguir o objeto de delírio. Por exemplo, um homem com tal transtorno delirante pode tentar assassinar um padre por achar que este é apaixonado