A civilização humana, em sua extraordinária capacidade de gerar sociedades desiguais, sempre produziu cidades igualmente injustas, tendo a sua capacidade em promover qualidade de vida, para uns ou para todos irão depender das dinâmicas sociais ,econômicas e das correlações de forças de cada momento histórico. São Paulo, uma das cinco maiores metrópoles do mundo, expressa as disputas e conflitos da cidade capitalista,a tensão existe no fato de que o mercado procura obter lucro por meio da valorização fundiária e imobiliária,enquanto a sociedade civil interessa-se mais pelo valor de uso da terra urbana, um lote é mais caro porque há “mais cidade” em torno dele, ou seja, avenidas transporte público para acessá-lo, serviço de esgoto, água, luz, coleta de lixo,porém, quem produz a infraestrutura é o Estado, Assim, a valorização de um terreno decorrente do investimento coletivo, público, é apropriado individualmente por aqueles que possam pagar pela localização, por isso, o papel do Estado deveria garantir uma produção homogênea de infraestrutura, evitando a exclusão das parcelas populacionais de menor renda,nas décadas do pós-guerra, o intervencionismo econômico keynesiano refletiu-se espacialmente, com o Estado garantindo certa igualdade na apropriação e uso do território, provendo equipamentos, serviços e moradia (os grandes conjuntos habitacionais), requisitos para o “bem-estar social”, que na verdade alavancaria um mercado de consumo de massa. A acelerada industrialização e urbanização com baixos salários, das décadas de 1950 a 1970, gerou a chamada “modernização excludente”, ou seja, um crescimento econômico significativo, porém condicionado à manutenção da pobreza, no âmbito urbano, traduziu-se por um padrão de absoluta segregação socioespacial, com investimentos apenas na cidade hegemônica, que chamamos de modelo da “urbanização desigual”. A metrópole de São Paulo é a resultante desse processo. Se não é a única,pois esse padrão se repete em todas as