São Paulo a Timóteo
Essa segunda carta a Timóteo é escrita estando Timóteo em Éfeso, uma cidade costeira onde os Judaizantes espalhavam doutrinas estranhas ao Evangelho por exemplo dizendo que a carne é totalmente má (2Ti 2,18) ou proibindo o casamento e a ingestão de alguns alimentos (1Tim 4,3).
Dos versículos 1 ao 5 São Paulo repetidamente se refere a lembrança da fé de Timóteo (V. 3,4 e 5) e já no v. 6 traz mais uma vez o passado à tona ao exortar que Timóteo reavive o dom da fé depositado nele.
São Paulo vê claramente a necessidade de fazer com que Timóteo se afirme na fé, que se enraíze naquilo que seguramente está dentro dele, que recebeu de sua avó Lóide e sua mãe Eunice (v.5). Essa necessidade é ainda mais urgente porque São Paulo escreve em um contexto diferente da sua primeira carta ao discípulo, já que agora o apóstolo é prisioneiro em Roma (v.8) e vê que seu tempo nessa terra está chegando ao fim.
Por isso Paulo, seguro do dom de Deus, em grego χαρισμα (Também traduzido como carisma, graça especial de Deus, concessão), que reside em Timóteo, o lembra da imposição de mãos recebida, um gesto concreto, sacramental, por onde a Graça foi recebida com eficácia, para que ele possa reavivar sua confiança, porque Deus não nos deu um espírito de medo, mas de força, amor e sobriedade (v.7).
Paulo sabe que Timóteo está passando por momentos de prova. Seu discípulo sofre fisicamente (1Tim 5,23), é naturalmente tímido (1Co 16,10), é jovem (1Tim 4,12; 2Tim 2,22) e possui opositores muito decididos que residem em Éfeso. Por isso o anima a confiar no poder de Deus (v.8) e não nas próprias forças, já que humanamente é impossível realizar a missão a ele confiada, mas confiando no poder de Deus Paulo sabe que será sempre livre de tudo, ainda que esteja na prisão (Por isso no v. 8 Paulo diz que ser prisioneiro de Deus e não de Nero).
Além disso, Paulo afirma que Deus nos salvou e chamou não por nossas obras, mas por seu desígnio e graça (v.9). Para Paulo Jesus é nosso