Sustentabilidade
Elimar Pinheiro do Nascimento
Introdução
O presente texto é um ensaio que retoma e aprofunda uma ideia já desenvolvida em outras ocasiões (Nascimento, 2011)2 sobre a possível conformação de um campo social novo. Denomino-o de campo da sustentabilidade. Diz respeito à forma de evolução de nossas sociedades, e como garantir a reprodução da espécie humana em boas condições. Ele ganha visibilidade, sobretudo, nas discussões em torno do modelo de desenvolvimento, nas controvérsias em torno da mudança climática ou nas interpretações em torno do conceito de sustentabilidade, entre outros.
Sustentabilidade tem hoje muitas definições. No geral elas remetem à dimensão ambiental (nesse caso nasce do conceito da biologia de resiliência) ou à articulação entre a economia e o meio ambiente (ecoeficiência, economia verde) ou, finalmente, à equidade social. No fundo trata-se de construir um modelo de desenvolvimento que permita conservar a natureza de forma que as futuras gerações possam gozar de um meio ambiente equilibrado e, ao mesmo tempo, garantir que todos os homens e mulheres possam usufruir de uma vida minimamente digna. O conceito remete, portanto, a durabilidade do gênero humano em condições de justiça social, em que todos os seus membros possam desenvolver suas potencialidades.3
Conceber a sustentabilidade como um campo não constitui uma ideia de todo original. A ideia de campo encontra-se em Bourdieu (1983, 1996, 2000 e 2012), e é um dos pilares de sua obra. Sua aplicação no terreno do desenvolvimento sustentável (DS), a desenvolvi, de forma muito incipiente, em um texto datado de 2011 (Nascimento, 2011). Pouco depois encontrei essa ideia de campo em trabalho anterior de Nobre e Amazonas (2002), mas pouco desenvolvida. Por outro lado, as ideias aqui expostas foram, em parte, objeto de debate nos cursos que ministro com o professor e economista Maurício Amazonas, na pós-graduação do Centro de