sustentabilidade
Como aparece retratato em inúmeras resenhas literárias sobre o genial livro de Gabriel Garcia Márquez, o jovem Santiago Nassar, acusado por Ângela Vicário de tê-la desonrado, foi estudar na Escola Viverde. A narrativa começa pela frase reproduzida acima e que conta que Santiago foi morto a facadas pelos irmãos de Ângela, os gêmeos Pedro e Pablo. Toda a localidade fica sabendo antes da vingança iminente, mas nada salva Santiago de seu trágico destino, anunciado à primeira linha do romance. Ao longo da história, são escassas as informações sobre Santiago Nasar, o que passa em sua mente, nem mesmo se ele está ciente de que o querem matar. O mistério do livro, concentrado em anunciar a morte de Nasar, está em descobrir quem desonrou Ângela Vicário, que mente sobre o seu autor em função de proteger alguém de quem ela gostava.
Uma dinâmica semelhante ocorreu com a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. Como é sugerido a seguir, o seu fracasso já podia ser vislumbrado muito antes do seu desenlace, já predeterminado por uma série de aspectos que serão objeto de análise. Infelizmente, as semelhanças param por aí. A narrativa de Garcia Márquez é ficcional, enquanto a realidade (trágica) da Rio+20 ainda irá produzir efeitos negativos durante muitos anos. Justifica-se, portanto, questionar se a Conferência realizada no Rio de Janeiro em Junho de 2012 pode ser classificada, legitimamente, como a Rio-20, uma vez que não produziu avanço significativo algum em relação à Rio-92, exceto o de manter o desafio do desenvolvimento sustentável na agenda de preocupações da sociedade, mas com um decisivo divórcio entre discursos e compromissos concretos por parte dos governos.
A convocação da Rio+20 reacendeu as esperanças de avançar na transição à uma sociedade global sustentável. A humanidade já havia transmitido a impressão, especialmente na década passada, de ter adquirido uma compreensão bastante acurada dos desafios que a