susana tamaro
O livro é baseado numa tragédia verdadeira de um homem que viu a mulher e o filho morrerem num acidente de viação. É uma história bastante dramática que me impressionou muito. Acho que, para quem sobrevive, é terrível lidar com o sentimento de culpa de ter sobrevivido.
Se esta história acontecesse consigo, como acha que reagiria?
Como o Matteo, seguramente. Quando ocorre uma tragédia destas, é inevitável andar à deriva. Perdemos completamente o controlo e humanamente não temos capacidade de a enfrentar. É preciso ir ao fundo da nossa alma para renascer.
Foi criada pela sua avó depois do divórcio dos seus pais. De que forma essa separação afetou a sua forma de ver a vida e o amor?
Os meus pais separaram-se logo depois de eu nascer, em 1957. Nessa altura, o divórcio era raríssimo e uma criança com os pais separados sentia-se diferente. A minha avó foi a minha âncora. O facto de não ter tido um modelo de família afetou muito a minha vida. Não casei nem construi família porque nunca tive esse modelo. As pessoas que não viveram em situações de equilíbrio familiar como eu, têm esta falha, não conseguem construir gerações.
Então, não construir família não foi uma opção mas, sim, algo que não conseguiu concretizar?
Por um lado, o facto de eu escrever é pouco conciliável com a vida familiar. Quando escrevo, preciso de me isolar. Entro num mundo à parte, o que é difícil de compreender e de aceitar para um homem. Depois, como não cresci com um modelo de família, sou uma analfabeta no que toca a relacionamentos familiares.
Sendo, como diz, uma analfabeta em relacionamentos familiares, como consegue abordar nos seus livros temas como a família, o amor e os relacionamentos interpessoais?
Tenho uma amiga, casada há 25 anos, que depois de ler o «Para sempre» me questionou como era