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Escrito por Felix Kessler*
* Psiquiatra. Vice-diretor, Centro de Pesquisa em Álcool e Drogas, Hospital de Clínicas de
Porto Alegre, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Editorial
Rev Psiquiatr RS. 2009;31(3):135-137
Recentemente, deparei-me com um interessante livro que versava sobre o tema do acaso, intitulado de “O andar do bêbado” (The drunkard’s walk)1. Segundo o autor, o físico Leonard
Mlodinow, essa expressão simboliza a trajetória de moléculas que flutuam e colidem aleatoriamente no espaço, correspondendo a uma metáfora de como ocorrem os fatos na vida dos seres humanos, desde a escolha da profissão, o encontro com o cônjuge até os mais simples acontecimentos do cotidiano. Apesar do termo pejorativo na tradução para o português, essa associação me encorajou a traçar alguns paralelos com estudos recentes publicados em revistas científicas sobre os aspectos psiquiátricos e neurobiológicos do uso de substâncias psicoativas (SPA) e dos comportamentos de risco (CR).
Entre os inúmeros eventos aleatórios – mas não sem motivo – que ocorrem ao longo da vida, o uso de drogas pode ser menos gratificante do que inicialmente se imaginava. A exposição crônica pode acarretar uma série de consequências físicas, psicológicas e sociais, e a intoxicação aguda aumenta consideravelmente a incidência dos CR, como ter relações sexuais desprotegidas e condutas violentas2. Ao experimentar as SPA, os usuários frequentemente ignoram ou não conseguem avaliar as inúmeras variáveis que, unidas ao acaso, podem levar um indivíduo a se colocar em risco ou mesmo a se tornar um dependente químico. Alguns autores3 ainda discutem a questão de que existe um controle voluntário do consumo de drogas e dos comportamentos associados, o que direciona o debate para a esfera da ética e da moral e a conclusões preconceituosas acerca dos usuários. Pensamentos do tipo “ele usa drogas porque quer”