sonho x realidade
Um dos elementos que levam empresas bem-sucedidas a tomar decisões erradas é a autoconfiança
Não se pode dizer que foi por inexperiência ou por incompetência dos executivos da Mercedes-Benz que o modelo compacto "Classe A" não emplacou no Brasil. Era a década de 90 e o País acenava para o crescimento da indústria automobilística. Tanto que diversas montadoras, de olho no mercado promissor, não perderam tempo em instalar fábricas em diversos Estados. Mas o sonho de produzir 70 mil veículos por ano jamais chegou a ser atingido. Em seis anos de operação, depois de ter investido US$ 820 milhões em uma fábrica em Juiz de Fora (MG), a montadora não conseguiu seduzir compradores dispostos a adquirir seu produto, considerado em todo o mundo um símbolo de sofisticação. O modelo, além de não cair no gosto dos brasileiros, é caro. Resultado: no período, foram produzidos apenas 61 mil unidades, o que levou a matriz, depois de amargar um prejuízo de US$ 500 milhões, de acordo com estimativas do mercado, a anunciar que a produção do Classe A brasileiro será cancelada a partir de setembro (de 2005). Para não fechar a fábrica, que tem 1.100 funcionários trabalhando apenas 20 horas por semana a um custo mensal de R$ 1,6 milhão, a empresa pretende montar outro modelo, o "Classe C", que já vem semipronto da Alemanha. Se a operação não der certo, o risco de encerramento das atividades a partir de fevereiro de 2006, quando expira um acordo que a impede de demitir funcionários, é muito grande. Um dos elementos que levam empresas bem-sucedidas a tomar decisões erradas é a autoconfiança. No caso da DaimlerChrysler, dona da marca Mercedes Benz, um dos erros foi superdimensionar o mercado. A autoconfiança era tão grande que sequer consultaram a filial brasileira, fabricante de caminhões e ônibus, sobre a viabilidade de mercado. Deixaram esse estudo por conta do escritório alemão da consultoria Arthur D. Little - que, por sua vez,