Sonega O De Impostos
Giulia Mendes - Hoje em Dia
O foco do debate nacional em torno da corrupção acaba encobrindo males de grandes proporções, com custo muitas vezes superior ao estimado em relação ao desvio de dinheiro. É o caso da sonegação de impostos, prática que passou a ser considerada “normal” por muitos brasileiros, cidadãos que enaltecem o amor à pátria, mas deixam de pagar impostos que deveriam ser utilizados para investimento em saúde, educação, saneamento básico e segurança pública.
A cada ano, R$ 500 bilhões deixam de ser recolhidos aos cofres públicos no país com a sonegação de impostos, segundo o Sindicato dos Procuradores da Fazenda Nacional (Sinprofaz). O valor equivale a sete vezes o tamanho da corrupção (R$ 67 bilhões anuais), conforme estudo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Nos primeiros meses de 2015, já foram sonegados quase R$ 250 bilhões, enquanto cerca de R$ 900 bilhões foram pagos pelos cidadãos, até agora.
Cultura
A cultura brasileira é permissiva com a sonegação e a corrupção, na opinião do presidente do Sinprofaz, Heráclio Camargo.
“Esse é o país da impunidade. Além de ser uma questão cultural em todos os segmentos da sociedade, o problema fica mais grave porque o governo ainda não adotou uma postura de combate com efetividade à corrupção dos grandes lavadores de dinheiro”, diz Camargo, lamentando a existência de mecanismos sofisticados para práticas de lavagem de dinheiro e caixa dois. “Sem a estruturação necessária, fica muito difícil combater esses crimes”, diz.
Combate defasado
Segundo o presidente do Sinprofaz, a carreira que combate crimes de sonegação está sucateada.
“Temos mais de 400 vagas de procurador da Fazenda Nacional sem preenchimento, não temos apoio, nem estagiários e as instalações são precárias”, critica.
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