solidao
O terceiro ensaio do coletivo, chamado “solidão”, conversa diretamente com a história e a transformação urbana do local onde foi fotografado: a Vila Maria Zélia, a primeira vila industrial, no coração da zona leste paulistana. A peculiaridade do processo de urbanização da Zona Leste de São Paulo, em especial, os bairros do Brás e Belenzinho, tem um impacto direto e eminente na vida cotidiana local.
No século XX, as ferrovias viabilizaram o crescimento industrial da região, atraindo mão de obra imigrante e migrante, que desenvolveu uma cultura identitária local, arraigada no convívio urbano em vilas industriais.
No início da década de 1980, as indústrias saíram da zona leste paulistana rumo ao interior do estado, sendo assim, a região se reorganizou funcionalmente com evidências no processo de urbanização moderno, como a especulação imobiliária e a construção da radial leste, que cortou o bairro ao meio, enfraquecendo as relações de convívio urbano.
As marcas do passado, muitas vezes abandonado, como na vila Maria Zélia, estão inseridas dentro do presente “moderno”, em que não há relação comunitária entre os habitantes, causando uma sensação de esgotamento e solidão. Com isso, a poética da série exalta a memória abandonada e os diálogos expressivos entre o passado e o presente através da expressão dos corpos em meio à arquitetura em ruínas que fora cenário da série.