Uma das dinâmicas envolvidas na questão do aumento da solidão é a do homem atual e sua estrutura caracterológica, a do encouraçamento contra a natureza dentro de si mesmo e contra o mundo social que o rodeia, que acaba por solidificar uma cultura patriarcal e autoritária, e ser, em cada indivíduo, a base da solidão, do desamparo, do desejo de autoridade insaciável, do medo da responsabilidade, entre outros. Encouraçamento este de origem social e econômica, e não biológica. É certo que nós, como seres biológicos, ao nascermos, herdamos de nossos ancestrais um conjunto de traços que, em contato com o meio ambiente, resulta em seres específicos, individuais e particulares. Temos estrutura, traço, temperamento e caráter singulares, e sendo assim, qualquer tipo de repressão, principalmente na infância, como a padronização de alunos por classificação de idade e o estabelecimento dos mesmos níveis de dificuldade, por exemplo, pode nos impedir de desenvolver amplamente tais fatores, levando a consequências mais sérias ao longo de nossas vidas. Outra dinâmica que aborta tal questão é a do papel que a família desempenha durante a formação do homem, papel esse que o afeta tanto na esfera psicoafetiva quanto no campo social. A proteção e o acolhimento de seus membros, e o reconhecimento, a adaptação e a transmissão da cultura são dois objetivos que norteiam a função da família, e constroem caráter. Estes são fatores essenciais para que o ser humano possa garantir sua vida em sociedade, e muitas vezes a reclusão ou má formação neste período, também pode acarretar em problemas que levem o homem à depressão e à solidão mais tarde em sua vida.