Solenidade De 7 De Setembro 2
Nilson Naves
Ministro do Superior Tribunal
Estamos hoje reunidos para as comemorações do Dia da Independência, e, sem dúvida alguma, este momento me traz as melhores recordações dos tempos em que aqui vivi, da minha infância e adolescência, das palmeiras de Lavras e de seus eternos ipês, das escolas, do Aparecida dos meus estudos, da rua Umbela, do bondinho que ia e vinha pela rua Direita, levando e trazendo consigo nossos sonhos, pequenos e grandes. Também das cerimônias cívicas, entre as quais, imaginem, a do 7 de setembro, é evidente, quando, em procissão, saíamos pelas ruas, com músicas, em verdadeiro clima de festa, e não poderia ser diferente, sabem vocês por quê? Claro que havia aqueles interesses do coração, que o olhar não pode esconder, mas a razão daquela euforia era a consciência que tínhamos da nossa liberdade. Não se tratava apenas de um valor ensinado nos livros ou legado pela história, mas de um supremo ideal que sempre correu nas veias do povo mineiro, e creio não seja diferente hoje, pois entendo que, nem sequer por um momento, renunciamos àquela consciência e a este ideal.
O fato é que a minha época de Lavras, de muitas maneiras, ainda está bem perto de mim, porque nela aprendi que nossos passos são proporcionais às conquistas do passado. Noutras palavras, nada daquilo teria acontecido nem estaria acontecendo agora, vejam se não fosse o sonho por que lutaram muitos homens que viveram bem antes de nós.
Em boa verdade, antes mesmo de as margens do Ipiranga ouvirem o grito de independência em 7 de setembro de 1822, como dita a letra do Hino Nacional, a liberdade já havia sido pensada e sonhada por um mineiro Tiradentes. Sim, Minas foi decisiva para o fortalecimento dos ideais libertários e para as mudanças que definiram os rumos tomados pelo país. O movimento dos inconfidentes denunciava um acontecimento inédito e incômodo para a mentalidade da época: o sonho que, por anos, aparecera no coração de alguns