Sociologia
João-Francisco Duarte Júnior
O que é realidade.
Editora Brasiliense
10ª Ed. 1994
A manutenção da realidade
“Sendo produtos históricos da atividade humana, todos os universos socialmente construídos modificam-se, e a transformação e realizada pelas ações concretas dos seres humanos.” (P. Berger e T. Luckmann).
As instituições corporificam-se na vida cotidiana dos indivíduos através dos papéis que estes devem desempenhar para fazer parte delas.
O estabelecimento de papéis, isto é, de modos padronizados de comportamento, já é um primeiro instrumento protetor de que se valem as instituições a fim de se preservarem.
...o grau de rigidez e de estereotipia exigido no desempenho dos papéis depende do tipo de instituição em que se está e do tipo de sistema político maior que rege a sociedade.
...é justamente esta margem de individualidade dentro dos papéis que possibilita a evolução e alteração das instituições a partir de suas bases, ou seja, da conduta de seus membros.
...visões divergentes que surjam no interior de um dado universo simbólico.
Contêm em si o gérmen da subversão, e a ordem institucional procura também se proteger dessas "heresias".
...é impossível ao indivíduo sozinho manter uma concepção discordante do universo simbólico em que está.
Todo universo simbólico, então, contém em si mecanismos conceituais de auto proteção destinados a destruir possíveis oposições que possam surgir no seu interior.
Os mecanismos de manutenção dos universos simbólicos (e das instituições) são de dois tipos: terapêuticos e aniquiladores.
(A solução terapêutica das divergências surgidas dentro de um universo simbólico implica que este universo possua, em seu corpo de conhecimentos, três mecanismos específicos: 1) uma teoria da dissidência; 2) um aparelho de diagnóstico e 3) um sistema para a "cura" propriamente dita.
A teoria da dissidência já prevê conceitualmente a possibilidade de surgirem desvios