Sociologia

493 palavras 2 páginas
Morte de câimbra
BRASÍLlA - A indústria fabrica mais e mais carros "flex" (a álcool e a gasolina), os usineiros fazem a festa, os preços só sobem, os consumidores se assustam e o governo ameaça intervir. Você não acha que está fal¬tando alguém nessa história?
Todos estão pensando no seu bolso e no seu interesse, mas ninguém se preocupa com a base dessa pirâmide: o cortador de cana - um dos trabalhadores mais explorados do país. É por isso que a CUT dá um grito e a socióloga Maria Aparecida de Moraes Silva, professora visitante da USP e titular da Unesp, quer saber o que, de toda essa pujança, de todos esses aumentos e de toda essa negociação em tor¬no do "flex", vai sobrar para os cortadores de cana, cujas condições ela acompanha há mais de 30 anos, principalmente na região de Ribeirão Preto (SP).
Esse trabalhador fica a ver navios boa parte do ano e se esfalfa durante a safra (abril a no¬vembro) por migalhas, recebendo de R$ 2,20 a R$ 2,40 por tonelada de cana cortada. E ainda paga o transporte, a pensão, a comida. E man¬da o que sobra (deve ser mágico) para casa. Sim, porque a maioria é migrante. Deixa a fa¬mília e desce do norte de Minas e do Nordeste para ganhar a vida - ou a morte.
De meados de 2004 a novembro de 2005, morreram 13 cortadores na região, ge¬ralmente homens jovens (o mais velho tinha 55 anos) Há diferentes diagnósticos médicos, e os cortadores têm o seu próprio: "morte de câimbra". Sabe o que é? A partir dos anos 90, com as máquinas colheltadeiras, o sujeito tem como meta cortar 12 toneladas de cana por dia. Aí, vem a câimbra nos braços, nas pernas e, enfim, no corpo todo. Na verdade, ele morre de estafa.
Espera-se que governo e produtores se entendam para um preço justo ao consumi¬dor. E que, um dia, os trabalhadores também tenham direitos - a voz, a pressão e à própria vida.

1- De acordo com o texto, em troca de um salário ínfimo, os cortadores de cana são obrigados a trabalhar num tal ritmo que chegam a se expor à morte. O que

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