sociologia
-Agora - continuei - representa da seguinte forma o estado de 5 14 a nossa natureza relativamente à instrução e à ignorância. Imagina ho- mens em morada subterrânea, em forma de caverna, que tenha em toda a largura uma entrada aberta para a luz; estes homens aí se encontram desde a infância, com as pernas e o pescoço acorrentados, de sorte que não podem mexer-se nem ver alhures exceto diante deles, pois a b corrente os impede de virar a cabeça; a luz Ihes vem de um fogo que brilha a grande distância, no alto e por trás deles; entre o fogo e os prisioneiros passa um caminho elevado; imagina que, ao longo deste caminho, ergue-se um pequeno muro, semelhante aos tabiques que os exibidores de fantoches erigem entre eles e o público e por cima dos quais exibem as suas maravilhas.
- Vejo tudo isso - disse ele.
- Figura, agora, ao longo deste pequeno muro homens a transpor- tar objetos de todo gênero, que ultrapassam a altura do muro, bem como estatuetas de homens e figuras de animais, de pedra ou de madeira, bem 5 15 a como objetos de toda espécie de matéria; naturalmente, entre estes portadores, uns falam e outros se calam.
- Eis - exclamou - um estranho quadro e estranhos prisioneiros! 1. Essa caracterização da condição dos homens na caverna se aproxima, de cer- ta maneira, a uma passagem de Ésquilo (cf. Prometeu Prisioneiro, vv. 447-453).
2. Este é o ponto crucial da alegoria: os homens na caverna tomam por real, por verdadeiro, aquilo que é tão-somente sombra, aparência. Essa é a figuração do 1 estado de ignorância do homem comum, do homem que não esta voltado para a filosofia e que não recebeu uma educação adequada (Sócrates havia dito logo acima, em 5 15% que esses homens assemelham-se a nós). Ele, como os homens nacaverna, é incapaz de voltar-se para a verdadeira realidade das coisas, pois está fortemente preso ao mundo aparente, que ele, por sua vez, toma como real, como verdadeiro. O que subjar a