Sociologia

Leitura e Produção de Textos

O Teatro dos Vícios, de Emanuel Araujo, é uma obra que relata o cotidiano da sociedade brasileira no período pré-Independência. A partir da leitura dos subcapítulos “Tu roubas, ele rouba, nós roubamos” e “As fardas atrevidas”, do capítulo “Mandar, favorecer, prevaricar”, é destacada a situação de precariedade vivida pela população em diversas regiões da colônia portuguesa na América. A deficiência de recursos não era a única presente na época. Havia também um sistema judiciário falho, autoritário e abusivo. A justiça no Brasil moldava-se de acordo com as pressões do poder econômico e os interesses pessoais dos funcionários públicos e da Igreja. Ao longo do subcapítulo, são descritos numerosos casos da frequente prática de corrupção. Pode-se tomar como exemplo o caso de João Nunes, que fora absolvido da acusação de desrespeito ao crucifixo e amancebamento, pelo simples fato de ser um cristão-novo e pelo o ouvidor, além de muito amigo do acusado, dever-lhe dinheiro. As classe dominantes, em razão de seus títulos e posses, eram explicitamente privilegiadas nas decisões da política e nos julgamentos judiciais. O clientelismo era uma prática muito comum exercida pelos servidores do governo, que se apoiavam em acordos de troca onde, no final, ambas as partes se beneficiavam. Muitos, assim como atualmente, tinham como objetivo o enriquecimento a qualquer custo, mesmo que de forma ilícita, de forma que qualquer “agrado”, desde que satisfatoriamente valioso por quem o aceitasse, seria o suficiente.
A população urbana era constituída por uma boa parcela de funcionários públicos. Estes, se preocupavam com seus interesses privados ao invés de visarem o bem comum de sua cidade. Isso significava, na prática, acumular fortuna, segundo lhes fosse possível, às custas do interesse geral do povo.

Muitos como o Governador do Estado do Grão-Pará e Maranhão (pág 293)

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