Sociologia
Oriental: um caso extremado de desigualdade social
Maria Cidália Queiroz – FEP e ISSSP
Marielle Christine Gros - ISSSP
Tomando por referência relevantes contributos provenientes da sociologia, sabemos que a inclusão social decorre da posse de uma pluralidade de recursos, designadamente dos domínios económico, social e simbólico. Para se estar socialmente incluído não basta ter acesso a rendimentos compatíveis com a satisfação das necessidades, que na nossa sociedade são consideradas fundamentais, mas, igualmente, dispor de oportunidades de participar em redes de relacionamento que tornem possível a interacção com indivíduos socialmente heterogéneos. Ou seja, é fundamental evitar que os indivíduos sejam banidos para sociabilidades restritas ao grupo de iguais. Não menos importante para a inclusão é a partilha de normas e valores colectivos, sendo que o reconhecimento, respeito e valorização que podemos obter da sociedade, no seu conjunto, dependem da nossa conformidade com tais valores. Não faltam teorizações que demonstram quanto a hierarquização social está associada aos mecanismos e processos de categorização, não sendo raros, como demonstrou Goffman, os casos de estigmatização que precipitam os indivíduos em autênticas “carreiras de marginalidade”.
A partir da observação das privações económicas, relacionais e simbólicas que se impõem aos beneficiários do RSI cujos programas de inserção foram elaborados e acompanhados pela Qualificar para Incluir em 2009, concluímos que a forma de exclusão que predominantemente os atinge é a relegação social, entendida como fenómeno colectivo de aprisionamento em territórios urbanos segregados que, por acentuarem a escassez de oportunidades que caracteriza os seus trajectos de vida, definem o seu lugar na sociedade em termos essencialmente negativos.
Dimensão económica da in(ex)clusão
A análise da situação económica do 849