Sociologia
Juventudes, estilos de vida, processos de identificação e de afirmação na cidade da Praia
Redy Wilson Lima
Nos últimos 6 anos de pesquisa etnográfica na Praia, engajada, no seio de crianças e jovens, com algumas visitas esporádicas a restantes regiões de Santiago e cidade do Mindelo, em São Vicente, dei conta do perigo da história única. A história oficial controlada e contada por instituições públicas e partidárias, legitimadas pelos intelectuais do sistema, homens de títulos pomposos, com muita forma e conteúdo assim-assim, baseados sobretudo em “achismos” e “tudologismos”, com escritas demasiadamente coloquiais e desfilando alguma representação simbólica. Tendo constatado esta realidade comecei a reflectir sobre o tipo de pesquisa social feito em Cabo Verde, seus desafios num contexto de carências várias e o papel das universidades e dos centros de investigação que se diz existirem. Obviamente, não é âmbito deste evento desconstruir ou reconstruir a ideia da universidade ou da pesquisa que se faz por estas bandas, nem temos tempo para isso, mas, a partir de reflexões sobre a minha curta experiência de campo, mobilizando os conceitos juventudes e thugs, conceitos estes em mastigação há já algum tempo, tenciono trazer ao debate as minhas inquietações episte-metodológicas, teóricas e empíricas. Fui convidado a este painel com o intento de ajudar a efectuar uma suposta desconstrução do conceito thug, epistemologicamente falando, respondendo à questão de que forma a violência juvenil nos bairros da Praia, entre os ditos thugs, tem sido forjadas ou não por intelectuais e académicos. Posta a questão desta forma, considerome então como um dos forjadores do fenómeno e aquele que mais tem dado palpite em artigos publicados em revistas e livros nacionais e estrangeiros, com referres, bem como