Sociologia
Nelson Dacio Tomazi
O TRABALHO NAS SOCIEDADES TRIBAIS
A idéia de trabalho, como uma coisa separada das outras atividades, é algo que não existe nessas sociedades, isto porque as atividades vinculadas à produção nas sociedades tribais estão associadas aos ritos e mitos, ao sistema de parentesco, às festas, às artes, enfim a toda a vida social, econômica, política e religiosa. O trabalho separado das outras coisas não tem sentido, não tem valor em si.
As sociedades tribais com as mais diferentes estruturas sociais, políticas e econômicas possuíam uma organização do trabalho em geral baseado na divisão por sexo, em que os homens e mulheres executavam atividades diferentes. Os seus equipamentos e instrumentos são muitos simples e rudimentares, ainda que muito eficazes, classificando-os como sociedades de economia de subsistência e de técnica rudimentar.
Essas sociedades não só tinham todas as suas necessidades matérias e sociais plenamente satisfeitas, como também dispunham de mínimo de horas diárias vinculadas à atividade de produção, sendo classificadas como "sociedades do lazer", ou as primeiras "sociedades de abundância". O fato de se dedicar menos tempo às tarefas vinculadas à produção não significa que se tenha uma vida de privações. Ao contrario, essas sociedades viviam muito bem alimentadas. É importante ressaltar que isso foi antes do contato com o "mundo civilizado".
A explicação para o fato de trabalharem muito menos que nós, está no modo como se relacionam com a natureza. Não são os homens que produzem ou caçam, pois eles simplesmente recebem aquilo que precisam da mãe "natureza". Por outro lado, há um profundo conhecimento do meio que vivem o que faz com que conheçam as plantas, os animais, a forma como crescem, reproduzem.
Não se tem a idéia de que se deve produzir mais para poupar ou acumular riquezas. A sua riqueza está na vida e na forma como passam os dias.
O aspecto mais importante das comunidades