sociologia para alimentação
A alimentação humana é submetida a duas séries de condicionantes mais ou menos flexíveis. As primeiras são referentes ao estatuto de onívoro (aquele que pode se alimentar de produtos animais, vegetais ou minerais) e impostas aos comedores humanos por mecanismos bioquímicos da nutrição e às capacidades do sistema digestivo, deixando um espaço de liberdade largamente utilizado pelo cultural.
Já as segundas são representadas pelas condicionantes ecológicas do meio ambiente no qual está instalado o grupo de indivíduos oferecendo, também essas condicionantes, uma zona de liberdade na gestão da dependência do meio natural. Neste sentido, o Espaço social alimentar corresponde à essa zona de liberdade dada aos comedores humanos pela dupla série de condicionantes materiais e pode ser definido em seis dimensões, conforme abaixo.
O espaço do comestível é a escolha feita por um determinado grupo humano no interior do conjunto de produtos vegetais e animais colocados à sua disposição pelo meio natural, ou que poderá ser implantado pela decisão do grupo. Esta escolha não é somente adaptativa, pois se observa que grupos que habitam locais semelhantes apresentam hábitos alimentares diferenciados. Por exemplo, em várias regiões do mundo existem cachorros, mas somente em poucos locais eles são considerados comestíveis.
A segunda dimensão, o sistema alimentar, corresponde ao conjunto de estruturas tecnológicas e sociais que são empregadas desde a coleta até a preparação culinária, passando por todas as etapas de produção e de transformação. Para chegar ao consumo humano, essas etapas são controladas não somente por leis físicas, mas também por leis sociológicas, uma vez que as pessoas que vão controlando os processos agem de acordo com lógicas profissionais ou familiares, em função de suas representações de