SOCIOLOGIA DOS PARTIDOS
MICHELS, Robert. Brasília: UNB, 1982.
PRIMEIRA PARTE: Os chefes nas organizações democráticas.
A – Causas determinantes de ordem técnica e administrativa
Não se concebe a democracia sem organização. Uma classe que desfralda a bandeira de reivindicações determinadas e aspira a realizar um conjunto de ideologias ou de ideais, a partir das funções econômicas que exerce, tem necessidade de uma organização. Quer se trate de reivindicações econômicas ou políticas, a organização se revela como o único meio de criar uma vontade coletiva. E, na medida em que ela repouse sobre o princípio do menor esforço, isto é, da maior economia de forças, a organização é, nas mãos dos fracos, uma arma de luta contra os fortes. Apenas aglomerando-se e dando à sua aglomeração uma estrutura é que os proletários adquirem a capacidade de resistência política, e ao mesmo tempo, uma dignidade social. Mas o princípio da organização, politicamente necessário, se permite evitar a dispersão de forças, envolve alguns perigos. É que a organização constitui a fonte que as correntes conservadoras lançam na planície da democracia as inundações que inundam essa planície. O ideal da democracia consiste no autogoverno das massas, conforme as decisões das assembléias populares, isto é a implantação de uma democracia direta. Mas, se é verdade que esse sistema limita a extensão do princípio da delegação, por outro lado, não oferece, em troca, qualquer garantia contra a formação de um estado-maior oligárquico e pode dar início à demagogia. O mais notável argumento contra a soberania das massas é tirado da impossibilidade mecânica e técnica de sua realização. Basta querer reunir regularmente assembléias deliberantes de milhares de membros para nos vermos às voltas com as maiores dificuldades de tempo e de espaço. Assim, impõe-se a necessidade de delegados, capazes de representar a massa e de garantir a realização de sua vontade. Mesmo nos grupos mais