Sociologia Clássica
Em O Príncipe, tem-se a nítida impressão de que Maquiavel está preocupado em não escrever um tratado político qualquer, mas sim um que tenha como base a própria realidade histórica – sem construções retóricas e sem criações arbitrárias de um ponto de vista intelectual. Em outras palavras, o autor não se propôs a escrever um texto descolado da vida concreta, como o próprio afirma:
[...] esta obra, eu não a ornei nem a enchi de períodos longos ou de palavras empoladas e magnificentes, ou de qualquer outro artifício de arte ou ornamento extrínseco, com os quais muita gente costuma descrever e ornar as suas coisas; porque não quis que artifício algum lhe valesse, mas, sim, que apenas a variedade do assunto e a gravidade do tema a tornassem agradável. (Maquiavel, 2006: 33-34).
Maquiavel foi o primeiro a dar um sentido moderno ao conceito de “Estado”, entendendo-o como um corpo político submetido a um governo e a leis comuns. Ele também foi o “profeta do moderno Estado nacional”, caracterizado pelo
[...] poder central soberano e independente ao qual se subordinam todos os princípios de autoridade medieval, inclusive o religioso; se trata de um legislador que decide com autoridade nos assuntos internos e externos, isto é, uma ordem autônoma que não admite nada superior a ele e que tem o poder como atributo distintivo. (Várnagy, 2003: 19-20).
Maquiavel entende a teoria política justamente como um ramo do conhecimento possível de ser entendido por meio da própria história e pela experiência concreta dos fatos. Em seu O Príncipe, isto fica explícito quando justifica seu presente a Lourenço de