Sociologia ambiental
Julia S. Guivant *
pesar de ser uma área bastante recente, a Sociologia Ambiental apresenta uma considerável diversidade de correntes teóricas, o que mostra como esta subdisciplina não foge dos dilemas, armadilhas e desafios de diálogo que podemos encontrar nas Ciências Sociais. Também os estudos empíricos, tanto no plano internacional quanto no brasileiro, envolvem uma multiplicidade temática que pode incluir, entre muitos outros, o caráter dos movimentos sociais ambientalistas; Estado, política e formulação de políticas ambientais; atitudes, percepções, crenças, valores ambientalistas; relações entre consumo e produção; relações complexas entre ambiente e sociedade; o papel da tecnologia na transformação ambiental sociotécnica; e o significado do global em termos da escala ambiental (Buttel et al., 2002, p. 28). Por isto, daria uma impressão errada de consenso se partíssemos nesta apresentação de uma definição geral de Sociologia Ambiental, afirmando, por exemplo, ela ser o estudo das relações recíprocas entre o ambiente físico (desde o nível micro da base material da vida até a biosfera), as organizações sociais e o comportamento social. Há um outro problema numa definição como essa: a Sociologia Ambiental não trata meramente das dimensões sociais do meio ambiente, mas sim, e isto pode ser afirmado sem contradição com a pluralidade de correntes
A
*
Doutora, professora do Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política da UFSC e pesquisadora do CNPq. E-mail: juguivant@uol.com.br. Homepage: www.nisra.ufsc.br
N• 7 – outubro de 2005
existentes, remete à incorporação do ambiente dentro da discussão sociológica. E isto tem conseqüências sérias para a própria estrutura da disciplina, porque implica uma reavaliação de uma questão básica que a atravessa desde seus inícios: a relação entre o social e o natural (Irwin, 2001, p. 12). Este dossiê procura expor parte desta fascinante